quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O cotidiano brasileiro, por ele mesmo

Os filmes tratam sobre situações vividas e tratam sobre limites. Os roteiros são bem produzidos e a edição é notável. Essas películas abordam situações vividas em diferentes regiões brasileiras e a maioria dos personagens estão ligados as periferias de cidades. No desenrolar das histórias ainda são abordados temas da classe média brasileira contemporânea. São famílias ou jovens que procuram a sua própria solução para tentar mudar as realidades de suas vidas.

Cidade de Deus, Tropa de Elite, O Sim ao Redor e Linha de Passe são filmes que mergulham em ambientes parecidos, porém sobre diferentes pontos de vista. Os filmes mostram que em pleno século XXI, a exploração do trabalho e a obsessão com a posse só ganham novas expressões. As histórias refletem a problemática atual viva em espaços públicos e privados a partir de hostilidades existentes nas relações pessoas e interpessoais. O período feudo-colonial ficou para trás, mas o racismo e a dominação sobre o próximo permanecem, comandos pelo comportamento de cada personagem.

Os filmes abordam em graus diferenciados a corrupção, muitas vezes escancarada, a partir de várias formas e em diversos ângulos. Porém, em quase todos os casos é retratada a agonia do brasileiro que vive diariamente em contato com as ruas. Os filmes abordam a angustia de não voltar para casa, de fracassar na vida e de não conseguir sobreviver com dignidade.

A sociedade contemporânea está centrada no individualismo. Famílias inteiras vivem gradeadas em meio a altas cercas. Para muitos o essencial é acumular bens de consumo por acreditarem que o importante é ter. Por conta disso, muitos aceitam transgredir na moral e na ética em favor do “jeitinho brasileiro”.

Homem como ser transformador e criador produz bens materiais, mas acima de tudo concepções e ideias. Assim, o homem cria histórias e intervém de forma constante na realidade. Por mais desafiador que seja compactuar com as realidades abordadas nos filmes, ao emitir juízo de valor é essencial termos sempre presente que o homem e um ser histórico – social.

Nessas películas o social significa a dureza do boicote e a doçura do sonho. É o passado perdendo espaço para um futuro incerto. Indiferente dos exageros, os filmes revelam a denotação e a conotação da dinâmica de um país. Fora isso, há ritmo, risadas e diálogos com expressões que representam a cena urbana atual.  É o relato e a paráfrase do relato. É o Brasil sendo e acontecendo. É importante considerar ainda que os filmes são maduros, por retratarem um estado de espírito e por consequência um certo clima de reflexão no Brasil. 

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