quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O big brother do sistema financeiro

As primeiras moedas foram cunhadas na Ásia, há 2,6 mil anos, o que gerou uma radical mudança no comércio mundial. No fim do Século XIX, Rui Barbosa fez uma ilustre fala em defesa do papel¬moeda porque as pessoas queriam continuar usando o ouro. Porém, em nada a troca do ouro pelo papel moeda tem a haver com o momento atual, em que o dinheiro em papel pode estar sendo sucumbido em prol do mundo digital. Governos querem extinguir o dinheiro físico.

Os países nórdicos, como Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia e Islândia lideram o ranking de pagamentos por meios tecnológicos. Aliás, o governo da Dinamarca quer ser o primeiro terminar com o dinheiro físico. A meta é que a transição ocorra em 2016 sob a justificativa da produtividade dos negócios. Por lá, o dinheiro físico teria sobre uma redução de 90% desde 1990. Ao que tudo indica o Equador quer seguir o mesmo caminho ao criar um aplicativo via celular, administrado pelo banco central para pagamentos on-line. O viés ecológico, transporte e higiene também fazem parte dos argumentos. Na Itália 3/4 de todas as compras ainda são pagas em dinheiro.

Mesmo antes do grande irmão entrar em cena para controlar até as finanças dos cidadãos, o Brasil caminha para reduzir pela metade as agências bancárias. As novas gerações só vão ao banco quando são obrigadas. É por isso que as agências vão evoluir para serviços de assistência técnica, onde os clientes irão raramente, quando têm um problema sério em suas contas. De resto, o banco vai estar no celular. No Reino Unido, nos Estados Unidos e na Austrália, as pessoas vão à agência somente uma vez por ano e em geral porque o banco diz que é necessário. Ao mesmo tempo, aqui tramita no Congresso Nacional projeto de lei que propõe fim do dinheiro em espécie.

Com o fim das cédulas e moedas ficaria mais fácil combater violência, corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. A economia informal poderia ser quase que extinta e a evasão fiscal seria quase impossível. Abolir as notas eliminaria a falsificação. Ladrões de banco se tornariam personagens da história.

Porém, abolir o dinheiro é ir contra a livre escolha das pessoas sobre os seus instrumentos de pagamento. Mas é evidentemente muito que isso. Dificuldades para a sua utilização e privacidade são a tônica do sistema de utilização do dinheiro eletrônico. A partir desse sistema todos os hábitos de consumo, sem exceção, de qualquer pessoa ficarão registados. Pelo meio eletrônico se torna  fácil e rápido dos governos controlarem ainda mais os seus cidadãos.  Isso é uma insanidade total e estamos perdendo absolutamente tudo o que realiza a função da sociedade. E que comece o big brother também no sistema financeiro.

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