quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Justiceiros e autojustiça

Crescem no país os casos de linchamento e torturas ou, como muitos chamam, de justiça com as próprias mãos.  A questão é resultado da descrença da população brasileira à Justiça e ao Estado. Embora essa situação não seja um risco a democracia, mas mostra a tênue que existe no país entre a ordem e barbárie.

Fazer seu próprio código moral à margem da lei é fazer com jovens sejam amarrados a postes de luz e espancados a pauladas. Pior que a repercussão que alguns casos ganham a grande mídia, é saber que jornalistas computam dessas ideias ultrajantes. Essa tendência em apoiar esse tipo de ação só é fortalecida à medida que os casos, que não são novos, não cessam.

O mais antigo episódio do gênero que sem tem notícias no país, de acordo com o sociólogo José Martins de Souza, aconteceu em 1585 em Salvador, na Bahia. Na ocasião, Antônio Tamandaré, um índio que liderava um movimento messiânico, foi espancado, estrangulado e teve a língua cortada por inúmeras pessoas.

O mais intrigante é que esse tipo de ação no Brasil é algo alheio a tradição indígena. Segundo a sociologia, esse método é europeu. A autojustiça dá por entender que a punição precisa ter o emprego da dor.  Esse problema estrutural até pode estar ligado a deficiência do Estado em promover a segurança aliado e na falta de capacidade de atuar como conciliador de conflitos. A lógica punitiva como ferramenta de manter a ordem social já não se justifica mais.

A morosidade legal em determinados casos, causa no cidadão a impressão de que o sistema de judicial está aquém das necessidades. É preciso dar mais atenção a esse tipo de violência e que uma mudança de postura do Estado é urgente. A única forma de mudar essa situação é a utilização do dialogo aliada aos processos pedagógicos de educação, direitos humanos e cidadania. Talvez Thomas Hobbes (1588-1679) tenha razão ao afirmar que os homens são maus por natureza. 

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