sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A morte no amanhã

Ninguém consegue fugir da morte. Porém, todos dão sua própria contribuição sobre o tema. O filósofo e teólogo Julián Marías Aguilera (1914 - 2005) na citação “O problema da morte, em seu significado radical, não tem apenas conexão com o problema do aniquilamento ou da sobrevivência: consiste” destaca algo importante. Para ele, o problema da morte não está no antes ou depois da morte. A questão mais importante é o proveito que cada possui dessa lição. Da mesma forma como o sexo, a morte hoje em dia em encarada com naturalidade. Indiferente da idade ou circunstância. O cotidiano atual nos fez reféns do trabalho, que aliado a crescente individualismo, nos deixa pessoas com pouca reação. O rito de despedida em funerais é cada vez mais rápido. Pessoas não se reúnem mais como forma de transmitir a “última mensagem”.

A morte em nosso dia a dia deixou de ter um significado que da igreja crista pregava na idade média. Com o renascimento, no longínquos anos de 1500 surge na Europa a ideia de que o homem é dono do seu próprio destino. A medida é evidenciada com a revolta de Martin Luther e logo em seguida com a João Calvino. Essas correntes influenciaram para sempre o mundo. Tanto é que a Europa e mesmo a América do Norte conseguiram exportar para o mundo ideias surgidas a partir dessas crenças que viraram religiões e acabaram influenciando, novamente, outras doutrinas. De maneira geral, essa alternativa ao Igreja Católica pregam que as conquistas em vida serão mantidas no rito de passagem para a tão “sonhada” imortalidade.

A partir disso, compreendemos o capitalismo e ao entendermos o ganância criada por esse sistema podemos perceber também as mudanças que tivemos na concepção ligada desde a infância, a iniciação a vida adulta e mesmo a morte. O mundo contemporâneo é individualista e o será cada vez mais e com isso a morte perde a reflexão que tinha em séculos anteriores. As pessoas não se importam mais com o próximo. As pessoas não possuem mais paciência.

O ser humano não quer mais viver no anonimato. A morte perde valor quando o nome passa a estar na história da cidade, estado, região ou mesmo no mundo. Com isso, se trabalha a ideia de Martin Luther: o reconhecimento existe nessa vida. Depois é o chamado mundo igualitário, talvez o “detestável” socialismo, que o capitalismo tanto tenta nos mostrar que é desnecessário e ultrapassado. De tão ultrapassado, indiferente da região, os crentes continuam desejando um mundo igual, fraterno e livre. Talvez estejamos a espera de uma nova Revolução Francesa!

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