domingo, 6 de março de 2016

Trânsito: educar, para salvar vidas

Pelas contas da Organização Mundial de Saúde, morrem no trânsito cerca de 1,2 milhão de pessoas por ano no mundo. São 34 mil só no Brasil, o equivalente a 85 Boeings 747 lotados. Essa guerra só tende a piorar, pois segundo as estatísticas, o trânsito será a terceira causa de mortes no país a partir de 2020.

Educar e multar são duas importantes tarefas, que pela lei e pela lógica, devem ser concomitantes. Fui defensor de multar, pois é uma forma respeitar quem faz o correto. No Brasil, a sociedade e poder público, em sua grande maioria, defendem apenas que as multas de trânsito são uma maneira de educar. Que o motorista multado não vai repetir o erro por sentir a dor no bolso.

Alguns afirmam que ver a placa, mas não o guarda por perto, é que leva o sujeito a desrespeitar a legislação. Isso apenas mostra que o processo pedagógico está errado. A punição com multas e pontuação nas carteiras de habilitação apenas camuflam a faltam de investimentos em educação no trânsito. As multas, a longo prazo passam a ser enquadrados nos orçamentos de quem as recebe e desvinculá-las das razões que as fizeram ser definidas pelo Código de Trânsito Brasileiro.

As campanhas pedagógicas mais relevantes são promovidas apenas durante a Semana Nacional do Trânsito. Embora, o Código de Trânsito Brasileiro preveja no artigo 76 que "a educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus". Mas, são raras as instituições de ensino que possuem disciplinas ou mesmo ações nesse sentido. As atividades mais comuns são desenvolvidas na educação infantil, esporádicas no ensino fundamental e inexistentes no ensino médio.

Sem entrar no mérito da chama "indústria da multa", o fato é que a arrecadação tributária das multas vicia os cofres públicos e transforma cada sinal de trânsito numa potencial máquina arrecadadora, sem uma preocupação essencial com a vida. Ainda é importante ressaltar que a partir desses aspectos, o poder público falha também em oferecer vias e ruas em condições aceitáveis que justifiquem a repressão.

Se fossemos um povo realmente civilizado, não precisaríamos nem de placas, nem de guardas. Se a preocupação fosse reduzir a violência nas ruas, a educação deveria ser a arma principal dos investimentos. O Código Nacional de Trânsito foi concebido como instrumento educativo. Neste aspecto, educação se entende como processo de interesse e empenho do aprendiz na aceitação e cumprimento das normas que regem a convivência.  Mas o que se percebe mesmo é que a educação não passa de uma impressão de folhetos periódicos e o restante dos recursos usados nas mais diversas áreas, menos no trânsito. Educar vai além de campanhas educativas. Respeitar as leis implica em renovar os valores pessoais.

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