quarta-feira, 30 de março de 2016

O chá da vida

1

O Núcleo de Cultura de Venâncio Aires (Nucva) promoveu projeto para registrar o chimarrão como patrimônio nacional junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A pesquisa do projeto foi intitulada de “Patrimônio Imaterial do Chimarrão: O Chá da Amizade”. O material tramita no Iphan e a proposta tem a aprovação do Ministério da Cultura.

Os estudos foram realizados por pesquisadores ligados aos Nucva. O projeto foi coordenado pela professora e mestre em História, Angelita da Rosa, que foi também a diretora técnica da Casa de Cultura de Venâncio Aires. O projeto envolve enfoques antropológicos, biológicos, farmacológicos e históricos. O trabalho para registo do uso e formas de expressões do chimarrão como patrimônio imaterial brasileiro seguiu a metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais e acompanhado pela 12ª Superintendência do Iphan/RS.

O material produzido inclui DVDs, CDs e livretos e neles contam dados históricos sobre a origem, beneficiamento e importância da cadeia produtiva da erva-mate para Venâncio Aires e para o estado.
Ainda em 2004 dirigentes do Nucva participaram da 20ª Conferência do International Council of Museums (ICOM - Conselho Internacional de Museus) que ocorreu em Seul, na China. No evento foi apresentada a comunicação “Chimarrão: o chá da amizade e da hospitalidade. Além disso, o museu da Capital Nacional do Chimarrão foi criado em 1994 e mantém independência do poder público a partir da participação da comunidade em suas atividades.

Dentre os bens já registrados como patrimônio imaterial do País destacam-se o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, Modo de Fazer Viola de Concho, Feira de Caruaru, Frevo e Samba de Roda do Recôncavo Baiano. O registro de bens culturais foi instituído pelo decreto 3.551, de 4 agosto de 2000.

Saiba mais em:
ROSA, Angelita da. O patrimônio imaterial do chimarrão: o chá da amizade. Venâncio Aires: NUCVA, 2008. 
Quanto tempo de pequisa¿

O chá da vida

O Núcleo de Cultura de Venâncio Aires (Nucva) promoveu projeto para registrar o chimarrão como patrimônio nacional junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A pesquisa do projeto foi intitulada de “Patrimônio Imaterial do Chimarrão: O Chá da Amizade”. O material tramita no Iphan e a proposta tem a aprovação do Ministério da Cultura.

Os estudos foram realizados por pesquisadores ligados aos Nucva. O projeto foi coordenado pela professora e mestre em História, Angelita da Rosa, que foi também a diretora técnica da Casa de Cultura de Venâncio Aires. O projeto envolve enfoques antropológicos, biológicos, farmacológicos e históricos. O trabalho para registo do uso e formas de expressões do chimarrão como patrimônio imaterial brasileiro seguiu a metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais e acompanhado pela 12ª Superintendência do Iphan/RS.

O material produzido inclui DVDs, CDs e livretos e neles contam dados históricos sobre a origem, beneficiamento e importância da cadeia produtiva da erva-mate para Venâncio Aires e para o estado.
Ainda em 2004 dirigentes do Nucva participaram da 20ª Conferência do International Council of Museums (ICOM - Conselho Internacional de Museus) que ocorreu em Seul, na China. No evento foi apresentada a comunicação “Chimarrão: o chá da amizade e da hospitalidade. Além disso, o museu da Capital Nacional do Chimarrão foi criado em 1994 e mantém independência do poder público a partir da participação da comunidade em suas atividades.

Dentre os bens já registrados como patrimônio imaterial do País destacam-se o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, Modo de Fazer Viola de Concho, Feira de Caruaru, Frevo e Samba de Roda do Recôncavo Baiano. O registro de bens culturais foi instituído pelo decreto 3.551, de 4 agosto de 2000.

Saiba mais em:
ROSA, Angelita da. O patrimônio imaterial do chimarrão: o chá da amizade. Venâncio Aires: NUCVA, 2008. 
Quanto tempo de pequisa¿

terça-feira, 29 de março de 2016

Escola do Chimarrão, a tradição viaja de ônibus

1
Parece simples, mas o preparo do chimarrão possui inúmeros artifícios. Por conta disso, surgiu em Venâncio Aires a primeira escola que ensina efetivamente o preparo dessa bebida. A entidade mantém uma sede na cidade e três veículos que levam as aulas para todo o Brasil. A organização não-governamental Instituto Escola do Chimarrão nasceu de um projeto sociocultural independente, em 1998.

Aos poucos o Instituto Escola do Chimarrão ganhou popularidade e hoje é uma das principais entidades que divulgam o nome de Venâncio Aires no país. Desde cinco de julho de 2004  a organização passou a atuar como entidade civil, dotada de personalidade jurídica própria, sem fins lucrativos. Assim, estava criada a organização não-governamental que garantiu uma expansão significativas nas ações de divulgação da cultura ligada a bebida. As participações em eventos, feiras e encontros é feita a partir de um ônibus, motorhome e caminhão. Em determinadas épocas do ano, os compromissos são tantos que a equipe chega a 40 pessoas.

Nessa escola itinerante, o frequentador tem a oportunidade de aprender a fazer 37 tipos diferentes da bebida, com destaque para o formato que fica pronto em apenas 11 segundos. Os veículos desfrutam de água quente e erva-mate. 

A Escola do Chimarrão mantém em parceria com o Instituto Brasileiro da Erva-mate, o projeto Mateando nas Escolas. Em toda “aula” são ressaltados os benefícios medicinais e sociais da erva-mate. Além dos ensinamentos, o frequentador ainda recebe certificado de especialista.

 Além disso, em outubro de 2005 a Escola do Chimarrão participou da fundação de um Centro de Tradições Gaúchas em Paris, na França. Essas participações são comandadas pelo diretor executivo do Instituto Escola do Chimarrão, Pedro José Schwengber. Por conta dessas atividades, a Escola do Chimarrão e o próprio Pedrão, como é conhecido, já foram homenageados diversas vezes. Duas desses oportunidades foram via Câmara de Vereadores de Venâncio Aires. O primeiro foi em 13 de junho de 2011 e trata-se da condecoração de "Cidadão Emérito de Venâncio Aires" e o segundo foi de “Embaixador venâncio-airense”, entregue em dez de dezembro de 2013. Para as festas nacionais do chimarrão desenvoldias em Venâncio Aires em 2014 e 2016, ele foi um dos embaixadores dos eventos. No ano em que completou dez anos de fundação, o Instituto Escola do Chimarrão, foi homenageado, em 25 de fevereiro, pela Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. Já no dia cinco de abril de 2016, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Schwengber foi outorgado com a medalha Mérito Farroupilha.

O prédio da primeira escola do mundo focado no preparo da infusão da bebida fica localizado em Linha Travessa, em Venâncio Aires. La são oferecidas as mesmas atividades desenvolvidas nas unidades móveis. Também é possível conhecer uma indústria ervateira, aspectos históricos e apresentações artísticas, A ONG ainda integra a Rota do Chimarrão do município.

Os 37 tipos são: Saúde (elaborado com chás), Toca de tatu, Copa, Furo alto, China pobre (cevado com pouca erva), Da praia (socado para não voar erva), Do carro (com capa para não virar), Repartido, Quadrado, Triângulo, Tapado, Ferradura, Invertido, Do prego, Meia-lua, Engrenagem, Estrela, Ninho, Apaixonado, Escavado, Vulcão, Roda de carreta (no qual a bomba faz o papel do eixo), Flor, Formigueiro, Primavera, Homenagem (traz a inscrição Fenachim), Mate amargo, Mate doce, Achego, Tradicional, De canhoto, Tradicional sem topete, Tererê (feito em cuia de taquara, madeira ou guampa), Poço, Ponte, Gaúcho macho (servido por meio da bomba) e Gênero feminino ( tem como enfeite um pequeno espelho, simbolizando a vaidade da mulher).

segunda-feira, 28 de março de 2016

Erva-mate, o ouro verde da vida - Da cultura, a reorganização e expansão do mercado mundo a fora

1
O início de uma tradição
A erva mate é uma planta que floresce de forma natural apenas na região sul-americana, em especial na Mata Atlântica. A planta floresce na região sul do Brasil, o norte da Argentina, o Paraguai e o sul do estado do Mato Grosso do Sul. A erva-mate é uma herança indígena, mas já era conhecido bem antes mesmo dos índios guaranis que apresentaram a infusão feita com a planta aos europeus.

De forma inicial os indígenas a mascavam e logo depois passaram a prepara-la na forma de infusão. A bebida era consumida também pelos índios carijós, xetás, guairás, charruas, caingangues (que chamam o chimarrão de kógwuin) e os incas e aymará pois todos eles mantinham relações comerciais com os guaranis. Na América do Sul o uso da erva-mate já era conhecido no período pré-colombiano. Tanto é que os primeiros achados da erva-mate datam de mil anos antes de Cristo. As folhas fragmentadas junto com outros objetivos foram encontradas com mortos no Peru (SOUZA, 1969).
Por muito tempo, o consumo de Caá-i ou ka'a y foi restrito apenas a membros importantes das tribos como caciques e pajés. Alguns traduzem a palavra indígena Caá-i como sendo “água de erva saborosa” outros dizem que a ka'a y é traduzida do guarani como "água de folha". O termo “mate” tem origem no idioma dos incas, o quíchua, por meio do vocábulo mati, que significa “cuia, recipiente” e para designar a cabaça na qual até hoje se bebe a infusão de erva-mate. O termo “porongo” também vem do quíchua, significando “vaso de barro com o gargalo estreito e comprido.

A erva-mate ganhou os europeus que na América do Sul chegaram a partir dos índios guaranis que habitavam a região das bacias dos rios Paraguai, Uruguai e Paraná. Se deve ao conquistador, explorador e colonizador espanhol Domingo Martínez de Irala (1509 a 1556) o primeiro contato oficial da infusão preparada com a planta. O grupo de militares liderado pelo general teve o primeiro contato com a bebida em 1554 quando iniciaram uma expedição por Guaíra, que na época pertencia ao Paraguai, mas hoje é território brasileiro. Domingo Martínez foi também o segundo governador do Rio da Prata e do Paraguai, enquanto territórios espanhóis.

Os europeus colonizadores foram recebidos por índios que ali habitavam. Segundo descreve o professor e investigador uruguaio Fernando Assuncao, em El Mate, os índios demostravam bom vigor físico e um excelente estado de saúde. O uso da bebida estimulante era extraído pelos índios a partir de matas nativas. Das observações feitas pelos visitantes, a forma de consumi-la chamou a atenção. Eles tomavam a infusão feita a partir de folhas provenientes de uma árvore chamada ka'a em porongos naturais. As folhas eram despedaçadas e para consumir a água eram usados canudo de taquara, caniço ou osso. Na ponta desse canudo ficava um traçado de fibras, imersa no porongo, para impedir a passagem de fragmentos de folhas (DA CROCE e FLOSS, 1999).

Documentos espanhóis também falam a respeito de uma bebida tomada pelos nativos da região de Guaíra, no oeste do atual estado do Paraná. Pelos relatos ela era bastante popular entre os índios Guarani e Kaingang. Alguns citam que era consumida como um verdadeiro “vício”. Como forma de contribuir na colonização da região aportaram no Brasil, em 1549, o primeiro grupo de padres jesuítas. Eles criaram as reduções que foram os aldeamentos indígenas organizados e administrados pelos próprios religiosos, como parte de sua obra de cunho civilizador e evangelizador. Os jesuítas chegaram, em certa época, a apelidar a bebida de “erva do diabo”, por terem percebido que a bebida os deixava mais dispostos e ativos e alguns afirmaram que teria supostas propriedades afrodisíacas, como cita no livro Insignes missioneiros, o jesuíta Francisco Jarque.

Ainda no início da ocupação espanhola, no século XVI, houveram tentativas de proibição da erva-mate. Alguns que se recursaram a deixar o hábito foram excomungados. Mas, à medida em que os padres aumentavam a interação com os nativos, alguns também aderiram ao hábito. No entanto, os próprios soldados espanhóis, não resistindo à tentação de provar a bebida, acabaram se tornando entusiastas da erva-mate e levaram o hábito às casas coloniais espanholas.

A perseguição ao consumo do mate durou pouco. Já no século XVII, os religiosos passaram a incentivar o uso da bebida para combater o consumo excessivo dos derivados de alcoólicas e outras drogas. Sem o chá da planta ocorreu uma piora até mesmo no desempenho no trabalho. Os jesuítas, seguindo o exemplo dos ingleses, que tomam o seu chá quente, resolveram esquentar a água do tererê. Assim nasceu o chimarrão como é conhecido hoje.

Com isso, durante os séculos XVII e XVIII, os jesuítas, que antes combatiam a bebida, passaram a estimular o seu plantio racional. Nesse período foram criados as primeiras técnicas que permitiram domesticar a planta e técnicas de secagem, o que permitiu ampliar as plantações para que as áreas das antigas reduções passassem a significar a principal fonte de renda. Os padres não só passaram a incentivar seu consumo, como também passaram a controlar as exportações dessa planta. Suas propriedades milagrosas cruzaram os mares e foram a Europa, como “chá dos jesuítas”. Por mais de século e meio (1610-1768), os padres mantiveram o comércio de seus produtos na forma de chás e chimarrão. O hábito se espalhou desde o Peru até o Rio da Prata entre os colonizadores europeus, inclusive entre os padres para afastar o frio. Nos tempos colônias a erva-mate era conhecida na Europa como “Té de los jesuítas” ou “Té paraguayo”.

Algumas Missões Jesuíticas chegaram a ter mais de dez mil habitantes. Nessas reduções se plantava erva-mate e se criava gado. Há registros de plantações de 500 hectares na região das missões jesuíticas. No século XVIII as reduções haviam alcançado sucesso econômico e grande autonomia administrativa a ponto de tornarem-se uma ameaça ao poder das coroas ibéricas. Para evitar o avanço do poder da Companhia de Jesus na região, eles foram banidos do Brasil em 1759 por decreto do Marquês de Pombal. Em 1768, por ordem do rei Carlos III, a Espanha fez o mesmo em suas colônias americanas. Como a entidade também passou a ter grande poder dentro da igreja, em 1773, por iniciativa do papa Clemente XIV dissolveu a Companhia de Jesus e encerrou o projeto missioneiro. As comunidades foram logo abandonadas ou destruídas pelos bandeirantes.

Com isso, as comunidades foram sendo abandonadas ou destruídas pelos bandeirantes. Com o fim das Missões Jesuíticas, muitas plantações ficaram ao deus-dará e o gado espalhou-se pelos pampas e procriou-se livremente. Foi nesta época que surgiu a popular figura do gaúcho, valentes homens que viviam à margem da sociedade colonial, mestiços de sangue indígena e amantes da vida livre. Vagavam pelos pampas caçando gado selvagem e alimentando-se de carne bovina e chimarrão.
No ano de 1804, há registros do Porto de Paranaguá, da intensa exportação brasileira de erva mate, que passaram a ocupar os porões de navios, viajando milhares de quilômetros até atingir mercados europeus, americanos e principalmente os países do prata.

Durante esse período os governos português e espanhol promoveram e incentivaram a expedições. Em uma dessas ações visitou a região que na época era paraguaia, mas atualmente é território brasileiro o pelo botânico, naturalista e viajante francês Augustin François César Prouvençal de Saint-Hilaire (4 de outubro de 1779 - 3 de setembro de 1853). O francês veio para o Brasil em 1816 e deixou o país em 1822.Ele classificou a erva-mate em 1820, após observar os ervais nativos. Depois da Guerra do Paraguai, o território passou para os domínios brasileiros como forma compensar os gastos no conflito. Saint-Hilair conta em suas observações que optou entre duas designações: Ilex paraguariensis e Ilex mate. Optou pela primeira expressão. Mas o naturalista esteve várias vezes no Brasil e até mesmo passou pelo Rio Grande do Sul (NADOLNY, 2014).

A partir de 1821 o governo central passou a impor a cobrança de taxas pesadas sobre os produtos rio-grandenses, como charque, erva-mate, couros, sebo, graxa, etc. Em 1835, teve início a Revolução Farroupilha, que pretendia separar o Rio Grande do Sul do resto do Brasil. Confeccionou-se um brasão para a república separatista, fazendo parte do brasão um ramo de erva-mate.

Com o fim das Missões, os paraguaios passaram a ser os principais produtores no lado espanhol, responsáveis por atender quase toda a demanda. Este domínio acabou quando, em 1865, eclodiu a Guerra do Paraguai (27 de dezembro de 1864 a 8 de abril de 1870). Em virtude do conflito, o Paraguai optou por proibir a exportação de erva-mate. Com isso, países como Uruguai e Argentina começaram a substitui-la pela erva-mate produzida no Brasil, o que ocasionou o desenvolvimento do cultivo em Santa Catarina e no Paraná. Isto desencadeou o chamado Ciclo da Erva-Mate, que fez o Paraná, antes a “Quinta Comarca” da Província de São Paulo, emancipar-se e se tornar a Província do Paraná em 15 de dezembro de 1853. Seus produtos da década de 1920, chegaram a ser moeda na época e principal produto brasileiro de exportação.

O primeiro engenho brasileiro de erva-mate teve seu funcionamento autorizado em 1808. O empreendimento pertenceu a Domingos Alzagaray, argentino residente na cidade de Paranaguá. Os primeiros engenhos eram movidos por energia hidráulica, logo mais foi substituído por energia a vapor. Os trabalhadores que atuavam nesses engenhos era conhecidos como “homens verdes” devido ao pó verde da erva-mate que sobrava depois de processada.

Durante mais de cem anos a erva-mate foi o principal alicerce da economia do Paraná. As grandes mudanças e melhoramentos da infra-estrutura, que alteraram a fisionomia social paranaense, aconteceram em virtude do avanço do setor ervateiro. A primeira ferrovia, a estrada que liga Curitiba ao porto de Paranaguá, só foi construída em função da necessidade de melhorar o escoamento da produção destinada à exportação. Esta obra é considerada até hoje como uma grande proeza de engenharia, pois, contando apenas com os recursos técnicos da época (entre 1880 e 1885), cruza o relevo muito acidentado da Serra do Mar. A segunda estrada de ferro, entre Guaíra e Porto Mendes, nas margens do Rio Paraná, também surgiu em decorrência do ciclo da erva mate.

Nos dias de hoje, já no início do século XXI, a relevância econômica da erva mate, evidentemente, já não é a mesma para a economia paranaense. A estrutura econômica se diversificou, novas regiões do estado foram desbravadas e ocupadas, o que trouxe grande crescimento demográfico. No entanto, as primeiras sementes da industrialização e do desenvolvimento do Paraná, foram plantadas pelos industriais e comerciantes de erva mate do século XIX. Durante o século 19 e começo do século 20 a economia das regiões em que hoje estão os estados de Santa Catariana, Paraná e Mato Grosso do Sul, foi marcada pela produção e exportação da erva-mate.

O que também contribui para que outras regiões, além do Paraguai e o atual estado do Paraná, avançassem na produção comercial da planta foi a chegada, no século XIX, dos imigrantes europeus ao sul do Brasil, e na região de Missiones, na Argentina. (VASCONCELLOS, 2012).
durante mais de cem anos a erva mate foi o principal alicerce da economia do Paraná. As grandes mudanças e melhoramentos da infra-estrutura, que alteraram a fisionomia social paranaense, aconteceram em virtude do avanço do setor ervateiro. A primeira ferrovia, a estrada que liga Curitiba ao porto de Paranaguá, só foi construída em função da necessidade de melhorar o escoamento da produção destinada à exportação. Esta obra é considerada até hoje como uma grande proeza de engenharia, pois, contando apenas com os recursos técnicos da época (entre 1880 e 1885), cruza o relevo muito acidentado da Serra do Mar. A segunda estrada de ferro, entre Guaíra e Porto Mendes, nas margens do Rio Paraná, também surgiu em decorrência do ciclo da erva mate.

Nos dias de hoje, já no início do século XXI, a relevância econômica da erva mate, evidentemente, já não é a mesma para a economia paranaense. A estrutura econômica se diversificou, novas regiões do estado foram desbravadas e ocupadas, o que trouxe grande crescimento demográfico. No entanto, as primeiras sementes da industrialização e do desenvolvimento do Paraná, foram plantadas pelos industriais e comerciantes de erva mate do século XIX.

http://www.ufrgs.br/ensinodareportagem/economia/ervamate.html
http://www.sindimaters.com.br/pagina.php?cont=sindimate.php&sel=2
FLAUSINO, Márcia Coelho. A voz rouca das manchetes: como Veja mostrou os
Sem-Terras em suas capas. In: COSTA, Cléria Botêlho da; MACHADO, Maria Salete
Kern (Orgs.) Imaginário e história. Brasília: Paralelo 15, 1999.
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da República no
Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. O imaginário da cidade: visões literárias do urbano –
Paris, Rio de Janeiro, Porto Alegre. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1999.
ARDENGHI, Lurdes Grolli. Caboclos, ervateiros e coronéis: luta e resistência no norte de Rio Grande do Sul – Passo Fundo: UPF, 2003.
RENK, Arlene. A luta da erva: um desafio étnico da nação brasileira no oeste catarinense – 2. Ed. – Chapecó: Argos, 2006.
URBAN, Teresa. O Livro do Mate
Fonte:
http://www.unc.br/mestrado/editais/dissetacao_mafra_seguranca.pdf
http://www.museuparanaense.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=62
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/erva-mate/origens.jpp
https://historiadorsupf.wordpress.com/2015/06/25/um-pouco-da-historia-da-origem-da-erva-mate/

domingo, 27 de março de 2016

Os reis da erva-mate


1
Enquanto que o Rio Grande do Sul e o Paraná ficam se alternando nos números que envolvem as exportações da erva-mate brasileira, algumas questões são inquestionáveis. O estado mais a sul do Brasil possui um empresário responsável por quase 80% das exportações de erva-mate do Rio Grande do Sul. Trata-se do presidente da Baldo S.A, Arlindo Baldo. A empresa é a principal exportadora da erva-mate no país (2012).

A companhia foi fundada em 1920, no município de Encantado, pelos irmãos João, Antônio e Luiz Baldo. O principal destino do produto é a empresa Canarias, em Canelones, no Uruguai. A decisão por investir no mercado do país vizinho foi tomada em 1966. De forma gradativa a Baldo aumentou as exportações ao Uruguai e mesmo o controle sobre a subsidiária Canarias. Hoje a empresa gaúcha detém 64,78% da sociedade da empresa uruguaia. A Baldo, por meio da Canarias, é líder no mercado uruguaio. Controla 60% das vendas de erva-mate no país vizinho. Além disso, uma quantidade menor é exportada aos Estados Unidos, Japão e ao Canadá.

De acordo com Vanti (2012), em 2011 o Rio Grande do Sul exportou 20,5 milhões de toneladas de erva-mate e desses 18 milhões de toneladas a Baldo destinou ao Uruguai. Com isso, naquele ano o empreendimento gaúcho foi responsável por 88% das exportações do estado.

Ao mesmo tempo, outra empresa que é destaque no segmento é a ervateira Rei Verde, de Erechim. A companhia é líder no mercado de mate para chimarrão. A Rei Verde foi fundada em 1985 por um empresário cuja experiência no ramo data da década de 1940:  Alfeu Strapasson. A empresa mantém unidades em Erechim, Santa Rosa, Arvorezinha e Ilópolis, no Rio Grande do Sul e em São Matheus do Sul, no Paraná. A estrutura comercial reúne cerca de 10 mil pontos de venda pelo Brasil, com ênfase na Região Sul, que concentra o consumo. Fornece variedades como suave, tradicional, moída grossa e composto com ervas, como camomila e cidreira. A empresa atua ainda na produção de tererê e na produção de chás.

Referências
CANARIAS em www.canarias.com.uy

CARVALHO JR., L. C.; GURSKI, C. R. Análise do posicionamento de empresa Baldo S. A. na
obtenção da matéria-prima erva-mate. Disponível em: http://www.sober.org.br/
palestra/12/02O119.pdf, ; Acesso em 27/03/2016.

GRUPO BALDO SA - http://www.baldo.com.br/

VANTI Marlise Alves Silva. Erva-mate Baldo: Exportação de saúde e tradição. Disponível em: http://www2.espm.br/sites/default/files/ervamatebaldo.pdf; Acessado em 27/03/2016.

http://revistagloborural.globo.com/Colunas/Melhores-do-Agronegocio-2014/noticia/2014/10/forca-na-tradicao.html

Instituto Nacional de la Yerba Mate

1
A partir da sanção e regulamentação de lei, foram iniciadas de forma oficial as atividades do Instituto Nacional de Erva-mate, que é uma entidade de direito público não estatal, mas com jurisdição em todo o território argentino. A criação desse instituto é fruto de muitas negociações e acordo entre os setores integrantes da atividade ervateira que levaram 50 anos para se concretizar. O órgão tenta fortalecer o setor depois da dissolução, no início da década de 1990, da Comissão Reguladora da produção e comercio de erva-mate.

O setor tentou uma transição para uma economia regulada para uma totalmente liberal. Porém, o resultado foi a instauração de uma crise no setor ervateiro argentino. Os mais afetados na época foram os pequenos e médios produtores que ficaram desassistidos de grande parte dos financiamentos. Apenas os grandes empresários passaram a ter condições de acessarem novas tecnologias e diferentes formas de comercialização.

A partir da instalação do instituto, um dos primeiros passos, foi retomar a aplicação de medidas tradicionais, comuns ente os órgãos oficiais, que foram o controle desde a qualidade até o armazenamento do alimento. Ao mesmo tempo se iniciou uma discussão para a revalorização da matéria prima.

O órgão financia uma consultoria para estudar novos mercados voltados a erva-mate. Um mercado em potencial em estudo está ligado a Índia. Segundo o próprio instituto existem indícios de que a erva-mate poderia lograr grande êxito no mercado índio, por existir alto consumo de infusões.

Outro fator importante é o investimento efetivo em pesquisa. O instituto em parceria com Conselho Nacional de Investigações Científicas oferecem editais para projetos de pesquisa, bolsas de estudo para doutorados e pós-doutorados focados no plano estratégico do setor ervateiro para favorecer a formação de recursos de alta qualidade. O Conicef é o organismo máximo no fomento ao trabalho cientifico técnico da Argentina.

Ao longo do tempo foi criada a marca genérica e não comercial chamada de “Yerba Mate Argentina”, porém registrada pelo Instituto Nacional de Erva-mate. Em 2012, um artigo jornalístico estimava que 80% do mercado de erva-mate argentino era dominado por dez empresas ervateiras. Um grupo encabeçado por indústrias e cooperativas que ficam nas províncias de Corrientes e Misiones.

A erva-mate é um dos principais produtos colhidos e exportados na Argentina. É também um dos mais consumidos pelo país. Dados divulgados pela entidade mostram a produção anual em toneladas. Em 2011 foi superior a 703 toneladas, em 2012 de 728 mil quilos, em 2013 de 695 toneladas, em 2014 de superior a 782 mil quilos e em 2015 já superando a casa dos 806 toneladas.

Saiba mais sobre o instituto:
Rivadavia 1515, 2º Piso - Posadas - Misiones
Fone: (0376) 442- 5273
Contato: informes@inym.org.ar
Sitio oficial: www.inym.org.ar/

Instituto Brasileiro da Erva-mate


1

No dia quatro de janeiro de 2013 foi criada a única entidade representativa da cadeia brasileira da erva-mate. Iniciou nessa data de forma oficial as atividades do Instituto Brasileiro da Erva-mate. A meta do instituto é reorganizar a cadeia produtiva e trabalhar com mais intensidade a área da pesquisa.

No Rio Grande do Sul é a entidade executora das políticas estaduais da erva-mate. Depois da criação do Fundomate, proposto pelo governo do estado do Rio Grande do Sul em consonância com o setor ervateiro gaúcho e aprovado pela assembleia legislativa, foi fundado o Ibramate. A entidade, apesar de levar apoio governamental, não é estatal.

O Fundomate tem como finalidade é destinar recursos e financiar ações, projetos e programas da cadeia produtiva da erva-mate no Rio Grande do Sul. Fazem parte das ações do Ibramate a promoção do programa Mateando nas Escolas, Caravana Mate Brasil,  passeio ciclístico Rota da Erva-Mate, cursos de gastronomia e culinária, a festa da colheita e o encontro anual de produtores, seminários e simpósios. O Ibramate também participa das reuniões do Mercomate, órgão que é integrado por entidades representativas dos países produtores de erva-mate: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Esse importante passo em prol da estruturação da cadeira produtiva da erva-mate pode também abranger os demais estados brasileiros que cultivam a planta. Existe motivação para criar legislação idêntica a gaúcha também em Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. Porém, o processo de negociação é longo e burocrático. Ao passo que se intensifica a realização de fomentar novos associados além do Rio Grande do Sul.

O Ibramate, embora não governamental, possui algumas das funções do extinto Instituto Nacional do Mate, que havia sido criado pelo então presidente Getúlio Vargas em abril de 1938. O órgão criado por meio de decreto tinha como sede a capital federal e em 1957 foi instituído em Ilópolis, na época distrito de Encantado, estação experimental de erva-mate. Este espaço era destinado à produção de mudas para fomento de pesquisas relacionadas à aclimatação e melhoria da espécie. No ano seguinte, por questões diversas, o Instituto Nacional do Mate foi extinto. O Ibramate passou a ocupar a área da antiga estação experimental. O espaço de 22 hectares foi transformado em parque e cedido pela administração municipal ao instituto.

O Ibramate possui atuação na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Erva-mate do Rio Grande do Sul e nacional. A estadual foi reinstalada em dezembro de 2011 e a nacional teve o primeiro encontro em 10 de dezembro de 2015.

Saiba mais sobre o Ibramate: 
Fone: (51)99909895
ibramate@ibramate.com
http://ibramate.com/