sábado, 9 de julho de 2016

Os institutos do mate, estaduais e nacional


Com sucessivas taxações do lado brasileiro, a cultura ervateira entrou em crise. Em 1887 foi criada, em Curitiba, a Associação Propagadora da Erva-Mate, por produtores, para combater os impostos. A entidade foi transformada em Centro dos Exportadores de Erva-Mate. Porém, quase uma década depois a situação voltou a se agravar.

Por conta disso, no século 20, a sequência de leis e decretos para regulamentar as atividades ervateiras cresceram e surgiram de fato as instituições para congregar produtores e comerciantes. Assim foi criado em dezembro de 1927, por meio do decreto n° 54, o Instituto do Mate de Santa Catarina, com sede em Joinville. Em Curitiba, no Paraná, o Instituto do Mate foi criado pela Lei Estadual 2.559, de 2 de abril de 1928. Uma das primeiras ações foi criar a Casa do Mate, espaço público para difundir o uso do chá com sedes em Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza. Esse instituto mantinha a publicação oficial chamada de O Matte. Enquanto, que no Rio Grande do Sul, o Instituto do Mate foi criado pelo Decreto Estadual 4.857, de 14 de setembro de 1931.

Mas a situação permanecia obscura ao setor ervateiro. Dados indicam que diminuição na produtividade foi intensa nas primeiras décadas do século passado. Até 1928 o Paraná era responsável, por pelo menos, 80% das exportações de erva-mate brasileira. Naquele ano, o mesmo estado vendeu ao exterior 73 mil toneladas, contra 36 mil toneladas em 1938.

A crise permanecia e para tentar reerguer a economia ervateira, em especial no Paraná, surge um aliado nacional. A partir de 1930 Getúlio Vargas assume o governo federal. No ano seguinte foi criado o Conselho Nacional do Mate como uma forma de nacionalizar os problemas do complexo ervateiro. Sem sucesso, foi criado o Instituo Nacional do Mate, por meio do decreto lei 375, de 13 de abril de 1938. O órgão oficial foi criado sob a vigência da Constituição de 1937 e o instituto natureza paraestatal tinha jurisdição no Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. O instituto também passou a suprir a falta do Sindicato Interestadual que foi extinção em 1937. Com a criação nacional, os órgãos estudais perderam função reivindicativa (GOULARTI FILHO, 2014).
A sede administrativa e financeira do instituto passou a ser a capital federal – na época o Rio de Janeiro e com representações em Curitiba, Joinville e mais tarde Ilópolis, no Rio Grande do Sul. Em 1957, o Instituto Nacional do Mate criou em Ilópolis, na época distrito de Encantado, uma estação experimental da erva-mate.  A estação foi implementada em uma área de 24 hectares, constituída basicamente de mata nativa e localizada no perímetro urbano. Na pratica a entidade nacional incorporou as estruturas estaduais.

O órgão tinha representantes dos estados de Mato Grosso – na época não existia o Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Dentre as ações da entidade estava auxiliar no financeiramente à produção e à indústria.  O Instituto Nacional do Mate também tinha o objetivo de unificar e regulamentar as leis do setor junto aos governos federal e estaduais. O órgão também como meta criar patrões mínimos para exporta, beneficiamento e transporte e criar os primeiros laboratórios de análises do setor.

Depois disso, em 1962, já no governo de João Goulart, foi enviado projeto de lei ao congresso nacional, para mudar a nomenclatura e estrutura em alguns aspectos do instituto. A medida era para esvaziar ações judiciais que questionavam a autoridade do órgão paraestatal para fixação de cotas de exportação e de produção. Outra ação que tentava se resolver com a nova legislação era a unificação das taxas anuais e a garantia de um recurso especifico e permanente da União à entidade. O projeto tramitou até 1968, quando o próprio governo solicitou o arquivamento da matéria.

O Instituto Nacional do Mate foi extinto por decreto lei de número 281, de 28 de fevereiro de 1967, pelo presidente Humberto de Alencar Castello Branco, que foi o primeiro chefe do executivo nacional do período militar. Mas já no governo de Artur da Costa e Silva, o decreto nº 60.742, de 23 de maio de 1967 transferiu para o Ministério da Agricultura as atribuições do extinto instituto.



DA CROCE, D. M.; FLOSS, P. A. Cultura da erva-mate no Estado de Santa Catarina. Florianópolis: Epagri, 1999. 81p
MARÉS DE SOUZA, Fredericindo. A origem do Chimarrão. Boletim do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense. Curitiba, v.10, p.32-39, 1969
DA CROCE, D. M. Cadeias produtivas de Santa Catarina: Erva-mate. Florianópolis: Epagri, 2000. 41p.
NADOLNY, Samantha. A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DO MATE PARA O ESTADO DO PARANÁ. Curtiba, 2014. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Disponivel em: < http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/handle/1884/38277/MONOGRAFIA63-2014-2.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acessado em 28.03.2016.
Museu Paranaense. Disponveil em http://www.museuparanaense.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=62. Acessado em 27.12.2015.

Goularti Filho, Alcides. ESTADO, INSTITUIÇÕES E REGULAÇÃO DAS ATIVIDADES ERVATEIRAS NO BRASIL. 2014. Disponível em: http://www.historia.uff.br/revistapassagens/artigos/v6n1a52014.pdf. Acessado em 28.03.2016.

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