domingo, 28 de agosto de 2016

Companhia Matte Larangeira

No final do século 19 e início do século 20 foi criado no sul do Mato Grosso – atual estado de Mato Grosso do Sul, empresa de exploração de erva-mate nativa que foi extremamente poderosa. Após a guerra do Guerra do Paraguai (1864/1870), por meio de decreto imperial de número 8799, de 9 de dezembro de 1882, foi autorizado a Thomaz Laranjeira a fomentar indústria que virou a Companhia Matte Larangeira. A medida foi uma recompensa do governo imperial ao empresário por seu auxílio na Guerra do Paraguai. Após o conflito, o Brasil demarcou toda a fronteira seca com o Paraguai e Thomaz Larangeira trabalhou na equipe demarcatória.

A empresa chegou a ser um estado dentro do país. Ela chegou a ter sob seus domínios cinco milhões de hectares de terras arrendadas para explorar erva-mate. A empresa mobilizou milhares de trabalhadores e centrou suas atividades no Mato Grosso e Paraguai. Para facilitar as exportações criou seu próprio porto. De 1926 a 1929 a companhia gerou tanta lucratividade que passou a empresar dinheiro ao estado de Mato Grosso.

A companhia chegou a possuir um patrimônio invejável, tanto que chegou a possuir centros com a estrutura de cidades. Eram prédios, oficinas, carpintarias, serrarias, carretas e bois de transportes, escola, hospital, armazém, farmácia, telefone, luz elétrica, chatas, lanchas a vapor e uma ferrovia. A erva-mate era puxada até a linha de trem por 800 carretas para cuja tração a empresa tinha 20 mil bois.
A empresa chegou a ser tão poderosa que chegou a exercer influência política abertamente. A empresa apoiava candidatos de sua preferência desde a presidencial da República até a vereadores em determinadas cidades.

Os principais acionistas da Companhia eram o Banco Rio Branco, da família Correa da Costa, a família Murtinho e a família Mendes Gonçalves. As exportações para a Argentina cresceram tanto e os hermanos também passaram a ser acionistas.

Em 1943, já no Estado Novo, Getúlio Vargas cancelou as concessões da Matte Larangeira criando os Territórios do Iguaçu e de Ponta Porã e o Serviço de Navegação da Bacia do Prata para concorrer com os navios da Companhia.

Até hoje existem empresas sucessoras do Mate Laranjeira explorando o mesmo ramo.

BIBLIOGRAFIA ARRUDA, Gilmar. FRUTOS DA TERRA: Os trabalhadores da Mate Larangeira. Editora UEL. Londrina, 1997. JESUS, Laércio Cardoso de. ERVA-MATE: O OUTRO LADO. A presença dos produtores independentes no antigo Sul de Mato Grosso 1870-1970. Dissertação de mestrado – UFMS/Dourados – 2004. OLIVEIRA, Benícia Couto de. A POLÍTICA DE COLONIZAÇÃO DO ESTADO NOVO EM MATO GROSSO (1937-1945). Dissertação de mestrado – UNESP – Faculdade de Ciências e Letras – 1999
Silva, Walter Guedes da. CONTROLE E DOMÍNIO TERRITORIAL NO SUL DO ESTADO DE MATO GROSSO: UMA ANÁLISE DA ATUAÇÃO DA CIA MATTE LARANGEIRA NO PERÍODO DE 1883 A 1937. 2011. http://www.revistas.usp.br/agraria/article/viewFile/79014/83087
http://www.douradosnews.com.br/arquivo/historiador-escreve-sobre-a-companhia-mate-laranjeira-8d350c8b0bd49ff28d6cdc7aa3d081c9

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