quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Dia Mundial do Turismo: origem da data e importância do setor para a região dos vales

Em 27 de setembro é celebrado o Dia Mundial do Turismo, uma data para exaltar e mostrar a importância da prática do turismo, muito além do cenário internacional, mas acima de tudo na região dos Vales do Taquari e Rio Pardo. A data, sem dúvida nenhuma, visa aumentar a consciência sobre o papel do turismo na comunidade e demonstrar como ele afeta os valores sociais, culturais, políticos e econômicos em todo o mundo.


Apesar do dia mundial do turismo ser celebrado no dia 27 de setembro, a data é no Brasil também é lembrada no dia 8 de maio, no Dia Nacional do Turismo. Mas o dia 27 de setembro foi estabelecido pela Organização Mundial do Turismo (OMT), agência pertencente à ONU, para representar o dia da adoção do Estatuto da Organização Mundial do Turismo, que se deu em 27 de Setembro de 1970. A adoção destes Estatutos é considerada um marco no turismo global.

O falecido Ignatius Amaduwa Atigbi, de nacionalidade nigeriana, foi quem propôs a ideia de marcar o dia 27 de setembro de cada ano como o Dia Mundial do Turismo. Ele foi finalmente reconhecido por sua contribuição em 2009. A cor do Dia Mundial do Turismo é Azul.


O turismo possui grande importância no cenário econômico, pois ele está alocado no setor terciário da economia. Alguns estudos mostram que a prática movimenta as economias locais que praticam o turismo, pois envolve estabelecimentos e serviços diretamente associados a ele. Restaurantes, hotéis e comércio, principalmente em paraísos turísticos, dependem do turismo para sobreviver.

Além de movimentar a economia local, o turismo também incentiva a preservação de monumentos históricos e paraísos naturais, como praças, prédios, parques. o turismo tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social contribui para a preservação do patrimônio cultural, a geração de empregos e o fortalecimento da identidade cultural de uma região. Isso além de fomentar a visitação dos turistas, também garantem o bem estar do local para os habitantes daquela cidade.

A data de relevância internacional busca promover a conscientização sobre a importância do turismo sustentável e seu impacto positivo na economia, cultura e desenvolvimento também local. Esse dia proporciona oportunidade única para celebrar as conquistas do setor de turismo e discutir desafios e oportunidades para o futuro.

A data tem a responsabilidade de fomentar o debate sobre políticas públicas relacionadas ao turismo, bem como promover iniciativas que estimulem o crescimento sustentável, bem como discutir sobre os desafios e oportunidades para o desenvolvimento regional desse setor. Além disso, é um momento para  formular propostas que contribuam para o crescimento sustentável do turismo. 

domingo, 3 de janeiro de 2021

​Rua do Mate valoriza a cultura e a produção de São Mateus do Sul

O ramo de erva-mate nos símbolos oficiais do Paraná mostra a importância desta planta para a economia e a história paranaenses. Na região Sul do Estado, especialmente em São Mateus do Sul, essa relação é ainda mais umbilical.

A cidade, que se desenvolveu em torno da coleta e comercialização da erva-mate, experimenta uma retomada da produção, um novo momento que merece, inclusive, um marco arquitetônico: a Rua do Mate, uma via coberta, que valoriza a cultura e a socialização que só uma boa roda de chimarrão tem capacidade de expressar.

Localizada na área central da cidade, a obra do Governo do Estado é um espaço de convivência. Também concentra atividades culturais, eventos e fomentar o comércio, principalmente de produtos típicos da região. A Rua do Mate valoriza a vocação regional. É um projeto relacionado à cultura da erva-mate e que beneficia uma comunidade que tem uma forte identificação com esse produto. 

A Rua do Mate fica em um ponto estratégico, e dá boas-vindas para quem chega a São Mateus do Sul pela BR-476. Está entre o antigo convento, hoje sede da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Turismo; a igreja do padroeiro São Mateus e a Casa da Memória Padre Bauer – que abriga a história da erva-mate, da imigração polonesa e da navegação a vapor que são símbolos da cidade.

O já instalado chimarródromo, um espaço com torneiras com água quente para abastecer as cuias de chimarrão, é um dos principais atrativos da Rua do Mate. A disposição dos bancos em frente a esse local é quase como uma roda de chimarrão, destacando o caráter social da bebida, que quase sempre é tomada em companhia. Mudas de erva-mate completam a paisagem ao longo de  3 mil metros quadrados da obra.

Na parte de cima, uma estrutura metálica, coberta com vidro, abriga quiosques e um espaço voltado para apresentações culturais, eventos públicos e feiras livres.

No meio, uma espécie de chafariz faz uma representação em escala do Rio Iguaçu. O maior rio do Estado tem um papel importante desenvolvimento da cidade: muitas toneladas de madeira e erva-mate foram escoadas pelos vapores que navegavam entre o final do século XIX até meados do século XX.

O Paraná é o principal produtor de erva-mate do País, respondendo por 39% das plantas cultivadas e por 88% da produção dos ervais nativos ou sombreados. Esta é a forma de plantio predominante em São Mateus do Sul, onde a erva é produzida em meio à vegetação florestal nativa, em especial a araucária.

A erva-mate está intimamente ligada à memória de São Mateus do Sul, que se tornou município em 1908, período de ouro da exploração do produto no Paraná. Mesmo antes da emancipação política, a cidade já vinha em um importante ciclo de desenvolvimento. Em 1882, iniciou a navegação a vapor no Rio Iguaçu, para transportar a madeira e a erva comercializadas no Sul do Brasil e em países vizinhos, principalmente a Argentina.

No final do século XIX, o Paraná passava por um intenso processo político e econômico impulsionado pela produção ervateira. A história de São Mateus se insere neste contexto, interligando três principais questões: a erva-mate, a navegação a vapor e a imigração polonesa. 

A planta nativa do Estado, já utilizada antes da colonização por indígenas guaranis, passou a ter grande saída no município, que contava com empresas fortes do ramo, como a Leão Júnior.

A navegação a vapor foi outro fator até meados do século passado. A hidrovia que ligava Porto Amazonas a União da Vitória tinha 350 quilômetros de extensão através do Rio Iguaçu, passando também pelos afluentes Rio Negro e Rio Potinga.

A navegação foi um feito para a época, um negócio de proporções gigantescas. As peças do primeiro barco a vapor chegaram de carroção, vindas do Porto de Paranaguá pela Estrada da Graciosa, para serem montadas aqui.

Mais de 70 vapores chegaram a navegar pela região, e toda uma estrutura tomou conta da cidade por causa da atividade, com empresas, marinheiros e até estaleiros. A memória dos tempos da navegação também é preservada na cidade. Ainda é possível conhecer o vapor Pery, que encerrou as atividades nos anos 1950 e agora está instalado nas margens do Rio Iguaçu, mantendo a lembrança de águas passadas.

Primeira IG de erva-mate brasileira é paranaense


A preservação das matas de araucárias no Sul do Estado vai além da conscientização ambiental e histórica da manutenção de um dos principais símbolos paranaenses. É também graças às sombras das frondosas árvores nativas que a região consegue produzir uma erva-mate especial, de sabor único no mundo.

IG-Mathe é a primeira experiência exitosa de indicação geográfica (IG) da erva-mate do Brasil. Ela vem da região de São Mateus do Sul, no Paraná. O título pleiteado desde 2014, por meio de um trabalho em conjunto com a sociedade civil organizada. O grupo realizou levantamento histórico com dados de produção, fotografias e livros que comprovaram a notoriedade do produto ali gerado, fazendo com que, em 2017, obtivessem o registro junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial. 

A partir disso, foi criada a Associação dos Amigos de Erva-Mate de São Mateus do Sul, entidade que gere a IG. A associação conta com 74 associados, incluindo indústrias, viveiristas, amantes do chimarrão, donos de restaurantes e hotéis. Além de São Mateus do Sul, fazem parte os municípios de Mallet, Rio Azul, Rebouças, São João do Triunfo e Antônio Olinto. 

Na última safra, foram, ao todo, 29 produtores, compondo 257 hectares de talhões aptos a produzir e entregar para as indústrias erva-mate com indicação geográfica. O preço médio de venda do produto sem indicação geográfica é R$10,00 e com o registro é R $20,00 por quilo. Até o ano de 2019, a média de colheita foi de 30 mil quilos de folhas. Em 2020 houve aumento significativo para 157 quilos, devido, principalmente à exportação.

Ter uma Indicação geográfica é ter o reconhecimento de que uma região ganhou notoriedade ou apresenta vínculos relativos à de um produto ou serviço de qualidade. Saiba mais sobre o IG-Mathe


Ruas, praça, bairro e beco


Chimarrão, tererê e erva-mate dão nomes a ruas, estradas, avenidas, travessas, praças e beco. O Código de Endereçamento Postal (CEP), no Brasil, foi criado em 1971. Existem ruas do Chimarrão nas cidades de Camaçari, na Bahia; Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco; em Curitiba, no Paraná; em São Paulo, no estado de São Paulo; em Novo Hamburgo, Passo Fundo e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Na capital do Rio Grande do Sul existe ainda, no bairro Sarandi, o Beco Recanto do Chimarrão e na cidade gaúcha de André da Rocha também existe o bairro Chimarrão. Já o Tererê dá nome a estrada em Magé, no Rio de Janeiro; a travessa na capital de São Paulo e de ruas em Salvador, na Bahia; e em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.

Enquanto a erva-mate da denominações de ruas na cidades de Canoas, de Sapiranga; de Santa Cruz do Sul, de Novo Hamburgo, de Sapucaia do Sul e de Porto Alegre, ambas do Rio Grande do Sul; Manaus, no Amazonas; Belo Horizonte e Uberlândia, ambas cidades de Minas Gerais; nas cidades de Cascavel, Colombo, Curitiba, Fazenda Rio Grande, todas do Paraná; em Natal, no Rio Grande do Norte; em Lages, em Santa Catarina; e, na cidade de São Paulo.

A erva-mate dá nome também a travessas em Telêmaco Borba, no Paraná, e em Santo Ângelo, no Grande do Sul. Em Mineiros, no estado de Goiás, chimarrão dá nome ainda a praça da cidade. Além disso, ainda no mesmo estado, no Parque Oeste Industrial, de Goiânia, existe a Travessa do Mate.

Mate Amargo dá nome a rua na praia do Cassino, em Rio Grande e a bairro na cidade de Apucarana, no Paraná. Em Toledo, no Paraná, existe a Rua Mate Laranjeira.  Em Santa Catarina, existe ainda a rua da Ervateira. Embora existam outras praças e vias com referência ao chimarrão, tererê e erva-mate, não estão oficialmente catalogados pelos Correios.


segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Projeto pretende resgatar e conservar parte da diversidade genética da erva-mate

Um projeto para resgatar, multiplicar e conservar o material genético de erva-mate (Ilex paraguariensis) de árvores matrizes selecionadas nos remanescentes florestais nativos no Rio Grande do Sul começa a ser estruturado como ação do Programa Gaúcho para a Qualidade e a Valorização da Erva-mate. O projeto tem previsão de início ainda neste ano, com intensificação nos cinco polos ervateiros do Estado a partir de 2021.

Desenvolvido em parceria com as instituições da cadeia produtiva ervateira, o projeto tem a finalidade de perpetuar para gerações futuras a base genética dos ervais gaúchos, evitando uma perda irrecuperável desses materiais, que até então conseguiram sobreviver e evoluir diante das mudanças no uso da terra e a perda da cobertura de floresta nativa.

O projeto prevê três etapas distintas: resgate, multiplicação e conservação. A primeira consiste na identificação de cada árvore doadora do genótipo, a segunda, na coleta e multiplicação do material identificado e a terceira, na conservação em bancos de germoplasma e reintrodução de materiais genéticos resgatados nos locais de origem. Não necessariamente, a seleção do material irá visar melhoramento, mas a preservação da diversidade.

Conforme o engenheiro agrônomo e extensionista da Emater/RS-Ascar, Ilvandro Barreto de Melo, embora o projeto tenha alcance estadual, a formatação seguirá a estrutura geográfica dos polos ervateiros do RS, com a finalidade de respeitar ao máximo a característica e a distribuição das populações locais da espécie em acordo a cada região ervateira do Estado.

Ainda segundo Melo, o projeto "permitirá conservar na linha do tempo, para as futuras gerações, parte da expressiva diversidade genética presente na árvore símbolo do Rio Grande do Sul, que além de economia, é cultura, convivência social, sustentabilidade, identidade e simbolismo do povo sul-americano”.

domingo, 20 de setembro de 2020

Casa da Erva-Mate em Bento Gonçalves

 

A Serra Gaúcha é prodigiosa em atrações. Dos vários passeios que Bento Gonçalves oferece aos turistas um dos clássicos é Caminhos de Pedra. Neste roteiro encontra-se a Casa da Erva-Mate. O prédio, construído em 1884, num primeiro momento, serviu como moinho da família Cecconello, que fabricava farinha de milho. Contudo, quem assumiu o lugar em 1956 foi família Ferrari. A preservada casa deu lugar ao que até hoje é a Casa da Erva-Mate Ferrari.

 No local, há um pequeno moinho, já que o processo ali demonstrado é artesanal e os soques - que moem as folhas - são movidos por uma roda d'água. As folhas, depois de cortadas nas árvores, são levadas para um forno aquecido. A erva depois de moída está pronta para ser servida no chimarrão.


Depois da visitação, a pessoas podem vir até a loja, onde é ensinado a preparar o chimarrão e depois oferece degustação. O varejo também concentra uma grande variedade de artigos e produtos ligados à erva-mate e ao tradicionalismo gaúcho. A casa ainda apresenta um cenário natural diferencial, que serve também para gravações e fotografia.

O roteiro Caminhos de Pedra pode ser percorrido de forma independente ou em grupos. A estrada é bem sinalizada e totalmente asfaltada. Roteiro Caminhos de Pedra adotou ainda o selo “ambiente limpo e seguro” em seus empreendimentos e tem por objetivo ser um indicador de segurança para turistas, empreendedores e funcionários para o enfrentamento da pandemia provocada pelo Covid-19.

A Casa da Erva-Mate fica em Linha Palmeiro, distrito de São Pedro.

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

'Um altar à tradição' em São Gabriel

 


A ‘Terra dos Marechais’, ‘Princesa das Coxilhas’ ou ainda a ‘Atenas Rio-Grandense’, apelidos pelo qual é conhecido o município de São Gabriel, está localizada no eixo de passagem de turistas de vários países do Mercosul e que tem crescido nos últimos anos.

São Gabriel possui uma proximidade destacável com a cultura e tradição da erva-mate. Tanto pela história da cidade remontar aos idos de 1750, por conta do surgimento das primeiras estâncias jesuíticas, dos Sete Povos das Missões, e também por ter sido lá que foi edificado um chimarródromo público. Talvez o primeiro com repercussão no Rio Grande do Sul.

O primeiro chimarródromo, inaugurado em 1982, ficava no Calçadão, uma via exclusiva para pedestres. Esse espaço diferenciado, que fornecia água quente, era único e chegou a ser reverenciado em cantados, prosas e versos como um patrimônio do tradicionalismo gaúcho. No seu pilar principal havia uma placa em que havia, entre outros dizeres, a frase ‘Um altar à tradição’.

O chimarródromo, que foi uma atração turística na cidade, foi projetado orginalmente por Vitor Silveira Corrêa. Mas o monumento que fez sucesso também país afora precisou ser desativado por questão de segurança. Tratava-se, na época, de uma exigência do Corpo de Bombeiros para facilitar o acesso às lojas e imóveis do Calçadão no caso algum sinistro.

Dez anos depois, uma réplica do chimarródromo foi inaugurado na cidade, mas tendo agora por local a praça Fernando Abbott. O novo chimarródromo é um monumento menor, mas possui bancos para a comunidade poder sentar e tomar seu chimarrão. A obra, inaugurada em setembro de 2019, esteve sob responsabilidade dos engenheiros Eltom Luiz Mota Nunes e Vanessa Machado Borges e do arquiteto Ivan Cezar Balsam.

Junto ao monumento foi descerrada uma placa. O chimarródromo leva o nome de Vitor Silveira Corrêa. Antes disso, ainda 2017, no Legislativo, foi formalizado pelo para reconstrução do chimarródromo. Ele foi descrito como “símbolo do município, visando incentivar a cultura, as tradições e o lazer”.

A reimplantação foi tida como retorno as raízes e a valorização das tradições culturais. A exemplo do primeiro chimarródromo, o segundo monumento também tem na base do eixo de uma roda de carreta. Ele faz jus e homenageia os carreteiros, já que São Gabriel é conhecida como o último reduto dos carreteiros. Tanto é que no distrito de Tiarajú, na zona rural do município, existe o último núcleo de carreteiros do Brasil.