domingo, 3 de janeiro de 2021

​Rua do Mate valoriza a cultura e a produção de São Mateus do Sul

O ramo de erva-mate nos símbolos oficiais do Paraná mostra a importância desta planta para a economia e a história paranaenses. Na região Sul do Estado, especialmente em São Mateus do Sul, essa relação é ainda mais umbilical.

A cidade, que se desenvolveu em torno da coleta e comercialização da erva-mate, experimenta uma retomada da produção, um novo momento que merece, inclusive, um marco arquitetônico: a Rua do Mate, uma via coberta, que valoriza a cultura e a socialização que só uma boa roda de chimarrão tem capacidade de expressar.

Localizada na área central da cidade, a obra do Governo do Estado é um espaço de convivência. Também concentra atividades culturais, eventos e fomentar o comércio, principalmente de produtos típicos da região. A Rua do Mate valoriza a vocação regional. É um projeto relacionado à cultura da erva-mate e que beneficia uma comunidade que tem uma forte identificação com esse produto. 

A Rua do Mate fica em um ponto estratégico, e dá boas-vindas para quem chega a São Mateus do Sul pela BR-476. Está entre o antigo convento, hoje sede da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Turismo; a igreja do padroeiro São Mateus e a Casa da Memória Padre Bauer – que abriga a história da erva-mate, da imigração polonesa e da navegação a vapor que são símbolos da cidade.

O já instalado chimarródromo, um espaço com torneiras com água quente para abastecer as cuias de chimarrão, é um dos principais atrativos da Rua do Mate. A disposição dos bancos em frente a esse local é quase como uma roda de chimarrão, destacando o caráter social da bebida, que quase sempre é tomada em companhia. Mudas de erva-mate completam a paisagem ao longo de  3 mil metros quadrados da obra.

Na parte de cima, uma estrutura metálica, coberta com vidro, abriga quiosques e um espaço voltado para apresentações culturais, eventos públicos e feiras livres.

No meio, uma espécie de chafariz faz uma representação em escala do Rio Iguaçu. O maior rio do Estado tem um papel importante desenvolvimento da cidade: muitas toneladas de madeira e erva-mate foram escoadas pelos vapores que navegavam entre o final do século XIX até meados do século XX.

O Paraná é o principal produtor de erva-mate do País, respondendo por 39% das plantas cultivadas e por 88% da produção dos ervais nativos ou sombreados. Esta é a forma de plantio predominante em São Mateus do Sul, onde a erva é produzida em meio à vegetação florestal nativa, em especial a araucária.

A erva-mate está intimamente ligada à memória de São Mateus do Sul, que se tornou município em 1908, período de ouro da exploração do produto no Paraná. Mesmo antes da emancipação política, a cidade já vinha em um importante ciclo de desenvolvimento. Em 1882, iniciou a navegação a vapor no Rio Iguaçu, para transportar a madeira e a erva comercializadas no Sul do Brasil e em países vizinhos, principalmente a Argentina.

No final do século XIX, o Paraná passava por um intenso processo político e econômico impulsionado pela produção ervateira. A história de São Mateus se insere neste contexto, interligando três principais questões: a erva-mate, a navegação a vapor e a imigração polonesa. 

A planta nativa do Estado, já utilizada antes da colonização por indígenas guaranis, passou a ter grande saída no município, que contava com empresas fortes do ramo, como a Leão Júnior.

A navegação a vapor foi outro fator até meados do século passado. A hidrovia que ligava Porto Amazonas a União da Vitória tinha 350 quilômetros de extensão através do Rio Iguaçu, passando também pelos afluentes Rio Negro e Rio Potinga.

A navegação foi um feito para a época, um negócio de proporções gigantescas. As peças do primeiro barco a vapor chegaram de carroção, vindas do Porto de Paranaguá pela Estrada da Graciosa, para serem montadas aqui.

Mais de 70 vapores chegaram a navegar pela região, e toda uma estrutura tomou conta da cidade por causa da atividade, com empresas, marinheiros e até estaleiros. A memória dos tempos da navegação também é preservada na cidade. Ainda é possível conhecer o vapor Pery, que encerrou as atividades nos anos 1950 e agora está instalado nas margens do Rio Iguaçu, mantendo a lembrança de águas passadas.

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